Sobre a cidade de Capão do Leão

Histórico

O município de Capão do Leão é jovem, foi emancipado de Pelotas em 3 de maio de 1982, através da Lei nº 7647, antes da cidade ser conhecida como Capão do Leão possuiu outras denominações, tais como: Serro, Santa Ana e Pavão (IBGE).

Mesmo sendo um município jovem pela data de emancipação, índices semióticos de artefatos arqueológicos comprovam a presença de habitantes indígenas no período pré-colonial. Trata-se de materiais líticos que foram encontrados por pedreiros durante a construção de um galpão, no ano de 1980.

Entre os objetos encontrados estão dois zoólitos: um em forma de tubarão, outro uma pomba, e duas bolas de boleadeiras mamilares, os objetos foram doados pela Sra. Carla Rosane Duarte Costa, e fazem parte do acervo do LEPAARQ – Laboratório de Ensino e Pesquisa em Antropologia e Arqueologia da Universidade de Pelotas-RS (fotos abaixo):


Peças da coleção “Carla Rosane Duarte Costa” (Doadora).
a) zoólito de tubarão, b) zoólito de ave columbiforme
c) bolas de boleadeiras mamilares.
Fotos: Acervo LEPAARQ.

Esses materiais líticos foram produzidos em pedra e após polidos com areia e água, eles fazem parte do contexto arqueológico das culturas sambaquieiras e dos grupos construtores de Cerritos que habitavam as zonas hídricas e alagadiças em Capão do Leão. Estudos arqueológicos e antropológicos demonstram a presença dessas culturas indígenas em vários municípios.

O Prof. Dr. Rafael Guedes Milheira, do Curso em Antropologia e Arqueologia da UFPel explica que em entrevista realizada no ano de 2011 com os operários que coletaram as peças da coleção, ficou claro que outros objetos; como vasilhas de cerâmica e ossos (possivelmente humanos) foram escavados e descartados por não apresentarem o mesmo valor estético.

A partir dos objetos encontrados e das informações dos operários, a equipe do LEPAARQ-UFPel, sob a coordenação do Prof. Rafael Milheira e através do projeto “Arqueologia e História Indígena do Pampa: Estudo das Populações Pré-Coloniais na Bacia Hidrográfica da Laguna dos Patos e Lagoa Mirim”, iniciaram pesquisa em dezembro de 2014, no mesmo local onde foram encontrados há anos atrás os dois zoólitos e as duas boleadeiras mamilares, nesta área foram identificados e mapeados sete Cerritos pré-coloniais, todos localizados no entorno da lagoa do Fragata e várzea do canal São Gonçalo, no município de Capão do Leão.

Nestes sítios situados aos fundos do campus da UFPel em Capão do Leão, entre uma empresa mineradora de areia e a ECLUSA, foram encontrados pedaços de cerâmica guarani, e vestígios faunísticos de ossos de miraguaia (alimentação dos cerriteiros). Desta forma, entre os habitantes mais antigos da região teríamos dois grupos diferentes: Os charruas e minuanos com ocupações territoriais num tempo mais antigo e os guarani, mais recentes; tudo dentro do período pré-colonial.

Assim, na composição histórica de ocupação do município e reportando-me na diacronia ao período pré-colonial, observa-se que os primeiros habitantes foram indígenas, e após, principalmente nos séculos XIX e XX, ocorreram migrações em vários períodos históricos. Eram pessoas que vieram atraídos pelos solos férteis, pela tranquilidade e beleza do lugar, sendo esse o local de veraneio para algumas famílias ricas de Pelotas, o que pode-se perceber na arquitetura de algumas casas na Av. Narciso Silva e no Bairro Theodósio.

Também a abundância de rochas graníticas em todo o território de Capão do Leão, impulsionou a chegada de pessoas atraídas para o trabalhado na extração mineral, esta classe trabalhadora é denominada de “graniteiros”, ou “cortadores de pedras”, ainda hoje é atividade laboral de grande relevância social, pois faz parte da história do município. Apesar que na atualidade esta profissão está entrando em extinção, devido aos trabalhadores mais velhos estarem se aposentando ou falecendo e a nova geração não se sente atraída para este ofício.

Um dos fatores que impulsionaram o crescimento populacional, foi a instalação da empresa mineradora Compagnie Française du Port de Rio Grande do Sul, no bairro Cerro do Estado em 1909, originando o bairro e favorecendo o crescimento populacional do então distrito de Pelotas.

Essa empresa além da extração de pedras, construiu uma ferrovia para transportar os blocos de granito de Capão do Leão e Monte Bonito para a construção dos Molhes da Barra em Rio Grande/RS. No passado os Molhes da Barra consumiram milhares de blocos de granito, e hoje são utilizados tetrápodes de concreto.

Ainda encontra-se no censo comum que Capão do Leão possui a “Segunda maior pedreira do mundo”, no entanto, numa entrevista que fiz ao geólogo Sr. Ricardo, este explicou-me não ser possível devido ao tamanho territorial do município, o que ocorre é que Capão do Leão faz parte do Batólito de Pelotas, que é uma estrutura granítica presente em vários municípios vizinhos, tais como: Piratini, Arroio Grande, Canguçú, São Lourenço, etc, estendendo-se ao norte do Brasil até Florianópolis/Santa Catarina e ao Sul indo até o Uruguai.

A origem do nome Capão do Leão

As narrativas sobre a origem do nome do município de “Capão do Leão” são lendas transmitidas oralmente de uma geração para outra, na tentativa de elucidar a origem do nome, sendo normal nas narrativas orais as modificações dos relatos, por isso existem várias hipóteses, no entanto, observa-se a permanência de certos dados, como por exemplo, as palavras “Capão” (significado de mato), o “Leão” (como sendo um homem ou um animal), e também podemos observar rupturas e descontinuidades nas narrativas. Abaixo apresento três hipóteses que estão no senso comum:

– Uma delas é que esteve por aqui um circo e deste teria fugido um leão que se embrenhou no mato;

– A outra hipótese, é que no passado este lugar era trajeto de viajantes e tropeiros, estes paravam num comércio no Passo das Pedras, onde o proprietário era conhecido por Leão e como o mesmo residia num capão (pequeno mato ou intervalo de mato), tornou-se hábito dos viajantes dizerem vamos no Capão do Leão.

– Ainda há uma narrativa contada pelo Sr. Oli, 76 anos, ex-tropeiro viajante que atravessava o Capão do Leão trazendo gado do Herval para Pelotas, onde fazia parte do trajeto a estrada que vai para o Cerro das Almas, isso na metade do séc. XX. Explicou que neste período, o que era muito comentado sobre a origem do nome do município, é que um homem havia sumido e seus familiares o procuravam sem encontrar, porém, ao observarem o cachorro da família de nome Leão, que só vinha em casa comer e em seguida sumia, decidiram segui-lo, encontrando-o em um capão, onde os familiares surpresos encontraram o homem morto.

Ainda segundo o historiador Joaquim Dias, a denominação de Capão do Leão já existia desde 1809, comprovado num documento requerido ao príncipe-regente português Dom João VI, solicitando a instalação de uma capela no “lugar denominado Capão do Leão da fazenda de Pelotas”. Mas o que sabemos, é que em 1813 iniciou-se a construção da catedral São Francisco de Paula, tornando-se uma freguesia e posteriormente o aglomerado urbano ao seu redor, deu origem a cidade de Pelotas.

O referido historiador explica em seu blog, que o nome “Capão do Leão” continuou aparecendo em diversos documentos durante o séc. XIX, em “Registros de viajantes, documentos eclesiásticos, contratos de venda, cartas da época farroupilha, jornais, etc”. E ainda em 1893 uma lei o eleva a distrito de Pelotas, ficando “distrito de Capão do Leão”.

As versões de um leão que fugiu de um circo, de um senhor que se chamava Leão, etc… não possuem provas lógicas e concretas no período que antecede ao ano de 1809, o índice mais provável é a existência de leões-baios que viviam pelas matas do território leonense durante aquela remota época e que originou o nome do município, como é o caso de outras cidades: Canguçú, (akã-guaçu = cabeça-grande), os guarani chamavam a onça-pintada ou jaguar, Arroio do Tigre, Boqueirão do Leão, Minas do Leão, etc.

As narrativas que estão no censo comum não são mentiras, mas simplesmente modificações que vão ocorrendo durante os anos, é como a brincadeira do telefone sem fio, passando de boca em boca no final há distorções.

Por: Catia Simone da Silva
Antropóloga – Especialista em Gestão Pública e Desenvolvimento Regional

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